segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sonho #1

Pessoas indo e vindo na estação. Não sei se foi esse o começo do sonho, mas dentro daquele mundo este é o tipo de coisa que não importa. Os contextos, as coisas aleatórias, tudo flui sem ter um porquê. No fundo o mundo desperto não é tão diferente do mundo dos sonhos, os porquês não precisam mesmo existir.

Via as pessoas indo e vindo, algumas caricaturas ambulantes, outras extremante normais e ajustadas. Eu esperava por alguem. Ela chegou. Talvez sempre estivesse ali. Ela tinha um bebê no colo, ele não parecia ter mais que três meses. Beijei os dois. De nada estranhei estar casado, e justo com ela. Aquilo me soava extremamente normal(até o "meu filho"), era como se o que não fizesse sentido era o mundo desperto.

Um instinto até então adormecido veio a tona, senti que o clima ia mudar e que precisava ficar atento. Algumas pessoas apareceram do nada, uma pequena multidão. Eles eram escandalosos, imprevisíveis, barulhentos, pareciam algum tipo novo de travesti. Lembrei que tinha uma carta na maga, ou melhor, na cintura. A evolução, cidadania, diplomacia, consciência e tudo que significava a vida social de nada me importava naquele momento. Abracei minha fêmea; ela com meu filho nos braços. Qualquer movimento em falso eu atacaria, sem hesitar, de preferência num lugar vital. Ela estava tensa, mas aos poucos ela sentiu a minha segurança, aquela multidão passava ali perto. Se um daqueles se aproximasse mais do que 3 metros eu atacaria. Estudei o local e as possíveis armas que estivessem pelo chão. Ela era o mais importante naquele momento, mais importante que tudo. Eu mataria qualquer um, a possibilidade me deixava vivo. É cômico quando nos sentimos tão vivos quando estamos dormindo.

Eles passaram, tudo foi voltando ao normal. Ela me abraçou mais forte. O cenário era o mesmo, provavelmente idêntico ao atual, mas eu me sentia na natureza selvagem. Andamos pela rua principal, ela disse que precisava passar na farmácia. Fraudas, talco e tudo mais.. Eis minha nova prioridade. A Atendente se vestia como uma enfermeira, devia ter desconfiado. "75 reais Sr." - "Quanto???". O macho viril que protege sua fêmea tambem precisa de dinheiro neste mundo moderno.. Quanto eu tenho mesmo na carteira? O mundo pode desmoronar, mas não perca sua pose. "Vai indo qu'eu resolvo". As cortinas fecham, fico esperando no vazio. Devem estar trocando o cenário e os atores, ou talvez eu acorde em outro estúdio.

domingo, 2 de maio de 2010

Frio(a)






O inverno tem vida própria. Vem quando quer, não espera a data prevista pelos cientistas. Ela uma vez disse que tudo que queria era alguém para abraçar, alguém do lado’d'baixo do cobertor. Eu não disse nada, sei como tudo acaba.

I'm not there



Sete regras simples para a vida em esconderijo:
1 – Nunca confie em um policial vestido num abrigo.
2 – Cuidado com o entusiasmo e o amor, ambos são temporários da maneira mais ligeira.
3 – Quando perguntado se você se importa com os problemas do mundo, olhe nos fundos dos olhos daquele que o perguntou. Ele não perguntará novamente.
4,5 – Nunca dê o seu nome verdadeiro. E se algum dia lhe pedirem para que olhe para si mesmo, nunca o faça.
6 – Nunca diga ou faça nada que a pessoa a sua frente não possa entender.
7 – Nunca crie nada. Pois será mal interpretado. Vai acorrentá-lo e segui-lo pelo resto de sua vida, e nunca mudará.

Recorte: Jorge Luís Borges

A noite gasta,
permanece nos olhos dos cegos
tua ausência me rodeia
como uma corda no pescoço

Indo de coche para a morte
com o passo devagar..
De quem vem de longe
e não quer chegar

Minha heroína

Escolha uma vida,
escolha um emprego,
escolha uma carreira, uma família.
Escolha uma televisão grande,
máquina de lavar roupas, dvds players, mp3s.

Escolha saúde, colesterol baixo, seguro dentário,
escolha prestações fixas pra pagar..
Escolha uma casa, ter amigos..
Escolha roupas e acessórios.
Escolha um terno com o melhor tecido,
se masturbar domingo de manhã pensando na vida.
Escolha ficar sentado no sofá vendo TV e se enchendo de porcarias.
Escolha ter uma família e se envergonhar dos seus filhos egoístas,
filhos que você pôs no mundo para subistituí-lo.

Escolha um futuro, escolha uma vida.

Por que eu iria querer isto?
Prefiro não ter uma vida..
Prefiro ter outra coisa..
E os motivos?

Não há motivos se tem heroína.

(cópia honesta - Trainspotting)

Van Gogh por Henry Miller


“Prefiro pintar olhos humanos a pintar catedrais, porque existe algo nos olhos humanos que as catedrais não possuem, por mais majestosas e imponentes que sejam.” Van Gogh.
Ele queria mostrar que o mundo não se revestia de maldade e feiura, que jamais era rígido ou enfadonho, que precisávamos apenas olhar pra ele com um olhar apaixonado, a fim de reconhecer-lhe o esplendor e magnificência.

O gênio e a Solidão

Feitos um pro outro,
não há como negar.
Está sempre ao meu lado,
aonde quer que'u vá.

Nossa história não é de amor,
é a unica exceção.
Um fardo para o coração do gênio:
eis a solidão

Enterlude

Faz tempo que não escrevo, esqueci o quanto uma folha em branco é intimidadora(virtual ou física). Alguns pensamentos soam diferente dos usuais, destoando da harmonia convencional, que cativam atenção e repercussões introspectivas. Pensamentos que exigem palavras rebuscadas para explicá-los, e por vezes, estas são insuficientes. Como eu queria que meus pensamentos fossem banais, fáceis de explicar. Depois de pensar e repensar em como me expressar, muitas vezes acabo não encontrando um resultado inteligível. Quando não fico quieto, o que sobra são frases de impacto, frases aleatórias, filosofia barata, etc.
Não sou pretensioso o suficiente pra achar que o que escrevo vai mudar alguma coisa no mundo. O mundo está sempre mudando, quando não muda na aparência muda na essência. Um texto pode ser uma bola de neve, ou uma bola de papel.